Toda
a gente sabe, por ser evidente, que a muleta foi inventada por um manco e nesse
sentido acho muito bem que António José Seguro se recuse a ser a muleta do governo.
Seria no entanto conveniente que essa recusa se traduzisse tão rápido quanto
possível num conjunto de iniciativas e propostas que afirmassem inequivocamente
o PS como alternativa governativa credível e consequente. Mais do que adequar o
discurso político aos novos paradigmas nascidos no seio desta crise, importa
apresentar aos portugueses soluções concretas e exequíveis para atenuar os seus
efeitos. A título de exemplo, sugiro que se proponha em sede própria , a suspensão
imediata nos cortes de fornecimento de água, luz e gás às famílias durante um período
de carência de pelo menos dois anos, desde que (e isto pode ficar instituído) os
montantes em dívida das famílias não ultrapassem 10 vezes o custo (já de si exorbitante)
que vem sendo cobrado pelas empresas fornecedoras destes serviços básicos em
cada religação que fazem. O que se tem verificado frequentemente é que os valores
faturados de consumo real, são em muitos casos inferiores ao valor da própria
religação e isto, no atual contexto socioeconómico, parece-me imoral. Assim
como me parece imoral que um destes gestores (Águas de Portugal) tenha gasto só
em combustível no ano transato, cerca de 8000€, como de resto foi amplamente
noticiado.
Mas
isso já são outras “águas” e eu não quero ser acusado de demagogo.
Seja
como for não subscrevo este ceticismo militante que se instalou na sociedade
portuguesa como carraça em orelha de cão, mas confesso que esperaria um pouco
mais do(s) laboratório(s) de ideias que foram sendo criados pelos partidos com
o intuito de gizar novos caminhos para debelar a crise. Lamentavelmente para
todos nós, são magros e carecas os ratos paridos por essas montanhas de
sapiência institucional. Talvez esse vazio de ideias, ajude a explicar o porquê
de termos de atravessar mais um ano, que se adivinha de dificuldades
acrescidas.
Não
é nada de novo, dizer-se que os OE 2012 e 2013, a par com o modelo económico
que tem vindo a ser seguido, tem potenciado (entre outras coisas) o esbulho descarado
das famílias, cada vez mais emparedadas entre a quebra de receita que lhes é
imposta por via da carga fiscal (que roça o absurdo) e o aumento desproporcionado
do custo de vida.
Tenho
para mim que a inversão do atual ciclo recessivo só se concretizará através da
adoção de políticas sectoriais arrojadas que sejam capazes de relançar a
economia e consequentemente que sejam capazes de reposicionar de forma justa e
conveniente os pratos da balança económica, em particular no que à componente fiscal
concerne. O exaustivo diagnóstico da crise, não pode ser mais elucidativo e por
isso mesmo há unanimidade na ideia de que urge revitalizar o tecido económico
do país. Ao mesmo tempo, é imperioso criar novos mecanismos de regulação do
sistema financeiro nomeadamente impedindo e punindo severamente aquelas
instituições que adotaram como sua principal missão, sorver de forma “lícita”,
parte significativa da riqueza por nós produzida. Ora esta questão remete-nos
para o conceito de Bancos Autárquicos que aqui pretendo introduzir e que são o
tema principal do presente post.
A
criação destes bancos assenta na óbvia relação de proximidade entre os
munícipes e as autarquias e a sua missão de mútuo não se circunscreverá apenas a
“rede de proteção” à sistémica vulnerabilidade do sistema bancário tradicional de
que o BPN,BPP e mais recentemente (tudo indica) o BANIF, serão porventura os
exemplos mais flagrantes de ineficácia do sistema.
Ora,
sendo esta uma “nova” ferramenta de apoio à governação autárquica e na medida
em que potencia a marca do Concelho ( Banco Feira; Banco Porto; Banco Gaia (…) todos
os munícipes poderão beneficiar de um juro social (sempre mais baixo do que…) que
é calculado com base num índice de desempenho, não só do próprio banco mas
também da autarquia sendo que, neste último caso, os critérios de análise
deverão contemplar entre muitos outros fatores, os de atratividade ao
investimento.
Na
mesma linha de raciocínio as empresas sediadas no concelho (ou que vierem a
instalar-se no concelho) poderão celebrar protocolos de parceria com o banco autárquico,
sendo que uma das condições a ser proposta a estas empresas implicará a
promoção do emprego dando-se como contrapartida a redução/isenção no pagamento
de taxas camarárias nomeadamente ao nível do IMI e/ou Derrama e/ou (...).
É
expectável que através destes Bancos Autárquicos melhore a qualidade de
monitorização financeira das Juntas de Freguesia, Associações, Coletividades,
empresas Municipais, nomeadamente no que respeita à correta execução orçamental
de cada uma destas instituições.
Em
última análise pretende-se que as Juntas de Freguesia e as instituições
tuteladas pela Câmara Municipal fiquem obrigadas a movimentar o “plafond” que
lhes é atribuído por dotação orçamental em regime de obrigatoriedade e/ou
exclusividade, usando para esse efeito
um cartão de débito emitido pelo banco no início de cada ano fiscal, sendo
certo que por via deste mecanismo o aproveitamento de sinergias resultante
permitirá uma fiscalização mais eficaz e rigorosa destas instituições ao mesmo
tempo que agiliza as diferentes operações de tesouraria que habitualmente se
operam no quadro das relações institucionais em cada um destes órgãos.
A
implementação destes bancos autárquicos, depois de devidamente regulamentados e
regulados, deverá passar por uma estratégia de disseminação progressiva e de
acordo com um plano previamente definido pelo ministério da tutela.
O
patrocínio do Estado circunscrever-se-á unicamente à criação do quadro jurídico
de regulação destas novas entidades definindo as especificidades das
competências e valências que lhes serão atribuídas.
Prevê-se
que estes Bancos Autárquicos, pela natureza social da sua missão e pelo apoio inequívoco
à atividade autárquica potenciarão o crescimento económico nos concelhos onde estarão
inseridos com particular ênfase no setor da construção e concomitantemente do
sector imobiliário. Por exemplo os P.D.M. passarão a ter uma abordagem
diferente.
Há
naturalmente muitas outras questões a serem suscitadas no âmbito desta
proposta, nomeadamente as que se referem à sua sustentabilidade, mas este é
ainda um esboço e estou profundamente convicto de que se houver vontade
política, os Bancos Autárquicos dispensarão o tal Banco de Fomento
centralizador que tem vindo a ser anunciado pelo ministro da economia e que no
fundo apenas iria replicar as funções que se encontram presentemente adstritas
à CGD, como de resto sublinhou um dos seus administradores em declarações
recentes.
Há
uns dias atrás sugeri neste mesmo Blog a criação de um índice de conjuntura que
pudesse funcionar como vértice de referência na determinação dos custos sociais
que podem ser suportados pelo Estado em particular nas rubricas que tem a ver
com a sua despesa primária. Conforme disse na ocasião, essa medida permitiria o
ajustamento automático do valor das subvenções pagas a essa corja de
pensionistas e desempregados “Jonet”, cuja existência progressivamente indigente,
só tem servido para atazanar transversalmente a vida dos altos dignitários e
políticos da nossa praça. Neste contexto, os bancos autárquicos, devem ser
entendidos como uma ferramenta que ajudará a consolidar uma outra forma de
fazer política …social. Digo eu.
Neste
entretanto, e dado que Passos não tergiversa, Aníbal não tem pressa e Seguro
vai na conversa, …a gente prontos, reza.
No
fundo é o que ainda vai sobrando fazer a um povo de brandy’s costumes.
Até
já
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