A
direção do PS, apresentou aos membros da Comissão Nacional na tarde do
pretérito sábado a versão final das propostas de alterações aos estatutos que
acabaria por ser votada maioritariamente.
Na versão
final do documento, ficou lavrado que a indicação de candidatos a deputados, sempre
que levada para eleições primárias por requerimento de 10% dos militantes, 1/3
da Comissão Política Distrital e 1/3 das Comissões Concelhias, observará e interpretará
os resultados respeitando a proporcionalidade de votos que cada uma das listas
candidatas obteve.
Note-se
que apesar de esta questão da proporcionalidade não estar inicialmente prevista
(até sábado de manhã) no texto inicialmente distribuído aos membros da CN, acabaria
por, durante esse mesmo dia passar a integrar em definitivo a redação final do
documento.
E deixem-me
que o diga, a mim parece-me muito bem que o tenham incluído.
Desde
logo porque a questão da proporcionalidade que aqui se discute e que é tema do
presente post, representa para a família Socialista e em termos práticos, o garante
de que no futuro, uma qualquer lista candidata aos órgãos diretivos do partido possa
assegurar aos candidatos que cada uma das listas entendeu submeter a sufrágio e
em linha com os resultados que vierem a ser apurados, a representatividade proporcionalmente
calculada para virem a ocupar esses mesmos órgãos directivos.
A
responsabilidade governativa passará a ser (ou não ?) por efeito da agregação
de sensibilidades pós eleitorais …compartilhada.
Assim
e no essencial, quando num exercício de “exegese política” simples, reportamos esta
alteração do código estatutário ao atual momento político que se vive no
PS/FEIRA convenhamos que a notícia assume particular interesse sobretudo do ponto
de vista estratégico na medida em que ao abolir dos seus estatutos um dos
principais fatores que tem concorrido para a inibição do tão propalado pluralismo
democrático ( vide: V.F. versus H.F.) dá também um contributo decisivo para abolir
o estigma que determina que a lista vencedora tenha, logo após umas quaisquer eleições
a habitual ortodoxia de pensar que “se não fostes por mim, então é porque fostes
e és, contra mim”. Ora, no contexto dos novos estatutos, esta posição deixa a
partir de agora de fazer qualquer sentido.
Na
verdade institui-se o respeito pela ousadia política entre pares. O direito à
diferença sem que daí advenha qualquer espécie de retaliação que seja castradora
da dinâmica democrática que o partido (sobretudo as bases) reclamam desde à
longos anos a esta parte.
Aquela
ideia prevalecente que tem ensombrado o PS/FEIRA considerando-o uma espécie de agremiação
política que faz convergir e circunscrever as várias sensibilidades “locais” do
partido submetendo-as a um determinismo bacoco assente no alegado “savoir faire”
de matiz feudal complementado com argumentos
de conteúdo irrefutável e a partir dos quais de resto, se veem legitimando o tal
núcleo dito duro, mais não faz do que retirar espaço de incandescência a outras
opções porventura mais explosivas mas que invariavelmente descambam em pequenos,
dispersos e ténues “fogus fátuos” que vão sendo convertidos por sapiente asfixia
em leves sopros de portentosas intenções que ficam por acontecer.
Potenciar
e privilegiar o entendimento “negociado” (como aquele que já se encontra na forja
para as próximas autárquicas), deveria dar lugar à promoção de debates
construtivos alicerçados em candidaturas sérias com vista a extrair daí (do
consequente debate) os principais fundamentos constituintes de um interesse
comum de maior alcance, onde na verdade a negociação de qualquer entendimento que
pudesse vir a surgir, à priori ou mesmo à posteriori, não tivesse o tal cunho
marcadamente circunstancial como é aquele que se tem vindo a manifestar com
maior intensidade nesta fase preparatória das concelhias.
Mas
sobre esta minha perspetiva como certamente se recordam, já tive oportunidade
de me pronunciar numa outra ocasião e por isso, se me permitirem irei encerrar este
assunto recorrendo para o efeito ao enunciado do seguinte adágio popular que
passo agora a citar, não sem antes salvaguardar naturalmente qualquer falta de
respeito que os “visados” possam julgar existir.
Ensina-nos
o provérbio que:
“nunca
deves tentar ensinar um porco a cantar. Perdes o teu tempo e incomodas o porco”.
Posto
isto, e para que nos situemos um pouco melhor relativamente à… chamemos-lhe por
condescendente generosidade “moção” que defendo e proponho para o PS Feira, e
que me leva a defender acerrimamente a existência de uma multiplicidade de listas
concorrentes à liderança da Concelhia, é dizia eu, uma moção que se inspira na necessária
visão eclética que deve pautar o nosso esforço reflexivo sobre esta matérias.
Estaremos
de acordo se por exemplo eu afirmar que o meu entendimento sobre as principais questões
que afetam o concelho e sobre as quais tenho (porque posso) uma opinião e/ou
proposta de resolução, não é necessariamente igual ao entendimento que outro
qualquer militante e/ou simpatizante possa ter sobre essa mesma matéria.
É por
isso certo que do confronto intelectualmente honesto destas opiniões, quando submetidas
à lâmpada ultra violeta do juízo político ou se preferirem ao crivo da lógica
Hegeliana que nos ensina que a Síntese é produto da tensão gerada entre a Tese
e a Antítese sendo esta ( a Síntese ) outra Tese (diferente da anterior porque
mais “enriquecida”) e que dará lugar a uma nova Antítese, de cuja tensão irá nascer uma nova Síntese num
movimento “helicoidal” que cronologicamente se vai sucedendo ao longo deste
processo e como vimos sempre mais enriquecida que a Tese do instante que a
antecede.
Filosofias
à parte,
Será
pois destas versões melhoradas e potencialmente mais mobilizadoras porque obtidas
com base em consensos não circunstanciais, que poderemos ajudar a impulsionar o partido para um novo e original ciclo
de vitórias que de outra forma e a manter-se esta passividade intimidatória obtida
a troco de uma Paz patética como a que agora se pretende inscrever de forma
afunilada e tacanha no cardex das decisões políticas recentes, apenas poderá vir
a beneficiar no futuro e sem qualquer outra margem de manobra, com o demérito
do adversário.
Ora,
o partido merece mais do que este eventual benefício marginal.
O conceito
de proporcionalidade com que iniciamos este tema é por isso mesmo a ferramenta
que faltava para cumprir este desígnio.
Metam
mãos à obra que o tempo (linearmente helicoidal) urge
…ou
como diria a Barbie se não fosse boneca e pudesse falar. “Yesse… you Ken”.
Até
Já