Não há forma de justificar todo este
frenesim de notícias insufladas com que os senhores da comunicação social nos
matraqueiam todos os dias a propósito do percurso académico dos nossos
políticos doutores.
Na verdade e enquanto implodem diante
dos nossos olhos alguns dos valores sociais mais básicos, esta não-questão, tem
sido demasiadamente sobrevalorizada.
É claro que os mesmos rançosos de sempre,
veem neste assunto mais um espaço público de realização intelectual tendo-se
apressado desde o primeiro instante, com aquele fingimento típico dos ateus no
momento em que abocanham a hóstia, a dissertar zelosamente nos fóruns políticos
mais mediáticos sobre os contornos e as implicações desta importante problemática,
como aconteceu recentemente com Marques Mendes ao discernir sobre o “arrelvamento”
do ensino superior no contexto da dívida soberana portuguesa. Não me atrevo a
contestar tão doutas análises nem este é sequer o tema do “post”.
Na realidade já todos sabíamos que estes
novos doutores e engenheiros que agora pululam pelos mais variados cargos da
governação, já haviam feito, ainda antes de possuírem o canudo universitário, exames
“AD-HOC” na célebre Academia de Sodoma, tendo todos eles passado com distinção
em todas as cadeiras nucleares.
Intuitivamente reconhecemos que a
frequência desta Academia é absolutamente essencial para qualquer candidato a
político porquanto tem sido a única instituição de ensino que ao longo dos
últimos anos vem habilitando convenientemente os seus instruendos na gestão da
coisa pública. Mais ainda do que qualquer outra Faculdade de reconhecido valor
no atual panorama do ensino superior.
Consideramos por isso como natural que a
implementação de certas medidas de Austeridade na medida em que são a expressão
de uma prática política determinada de inspiração Sodomita, há-de, por via da
vaselinização da sociedade em geral, afirmar-se sobre qualquer crença
ideológica e/ou partidária.
Apesar dos meus parcos conhecimentos e
de não ter nenhuma licenciatura não posso deixar de dar aqui uma sugestão a
estes habilidosos do sistema ( os que são propensos a vaselinizar os outros ) para
que, sempre que quiserem reclamar aos rascunhos da Lei um qualquer grau académico,
daqueles que se medem em créditos de vida, tenham pelo menos a decência de
optar por um curso que privilegie o ensino de “Ética Política”.
Mesmo reconhecendo que a aprendizagem
desta matéria não ser “per si”, uma condição necessária e suficiente para nos garantir
dirigentes políticos profissionalmente recomendáveis, será pelo menos o tipo de
curso mais apropriado para que se possa fintar com alguma subtileza a
ignorância. Permitam-me o aparte, imaginem o que seria ministrar um curso de
Ética Política com alguns docentes recrutados em algumas das autarquias do
concelho de Santa Maria da Feira
Adiante.
Tenha sido a Licenciatura do Relvas esgalhada
(ou não) com base numa discutível escala de equivalências legalmente forjadas
pelo compadrio e pela circunstância, o que pretendo evidenciar aqui, são duas
ideias que me parecem importantes assinalar.
A primeira é a de que a incompetência politica não está
necessariamente dependente da competência universitária. Do mesmo modo, também
a competência política não implica que o sujeito, seja possuidor de um lustroso
curriculum académico. Isto parece-me evidente, havendo inclusivamente inúmeras
provas que sustentam este ponto de vista.
A segunda ideia e tendo em conta o
precedente (?) aberto pela Lusófona e que despoletou toda esta celeuma, é a de que
passa a ser legítimo estabelecer-se uma correspondência biunívoca entre
créditos e habilitações escolares de tal maneira que o principio concetual não fique
apenas circunscrito ao âmbito universitário.
Dito de outra forma, o necessário reconhecimento
por parte da tutela de que, para os efeitos que forem julgados oportunos “algumas”
quartas classes poderão corresponder (de acordo com essa tabela) ao segundo ano
de Agronomia de uma qualquer Faculdade de Belas Artes.
Confuso? O Reitor da Lusófona explica
isto melhor do que eu.
Seja como for e apesar de todas estas
modernices, a aquisição de Conhecimento não beneficia por impossibilidade
teórica do conceito Take-away. Por isso meus caros, não se surpreendam se no próximo
Orçamento Geral do Estado os nossos instruídos políticos incluírem numa das
muitas rubricas de dotação orçamental, nomeadamente a que diz respeito às transferências
para as Autarquias, uma referência ao Bosão de Higgs, alegando que a escassez
de “massa” se deve sobretudo à escassez de Bosões sendo o principal responsável
por isso a besta do Sr Higgs. E os mercados, claro.
Entretanto e enquanto se vão imprimindo
novos catálogos de culpas pelo estado caótico a que chegamos, a minha
recomendação vai no sentido de não se deixarem vaselinizar.
(É por isso que o cérebro é uma coisa
maravilhosa. Eu acho que todos os políticos deviam ter um).
Até Já